2 de junho de 2011

Superfície

Após refletir um tempo, finalmente ele decide se sentar. Barulhos de copos. Pessoas que falam apressadamente. Outras que cantam qualquer coisa como “só amanhã de manhã...”. Ele pouco incomodado. Estava mais preocupado consigo.

Ficou pensando o que realmente estava fazendo ali. Talvez não fosse a melhor maneira de encarar as coisas. E se, por acaso, existisse a ‘melhor maneira’, ele bem que gostaria de saber. E enfim veio a decisão.


- Uma cerveja!

E ficou lá. Solitário. A cerveja no copo. Colarinho alto. Mau sinal. Talvez a cerveja não estivesse tão gelada assim. E ele não sabia mesmo o que fazer para ser melhor ou se sentir melhor. Espantar a melancolia dos últimos tempos era o ponto. A solução de tudo, quem sabe. Bebeu um gole. Depois outro. Depois outro. E a sequência.

- Mais uma cerveja!

Colocou a mão no bolso esquerdo da calça. Procurou um bloco de notas que ele levava para todo lugar, caso surgisse uma idéia ou qualquer fato que valesse ser documentado. Pensou em iniciar um texto assim.

Está tudo tão difícil que eu não me contenho.

Muito raso, pensou. Depois o início não era mais tão importante. Só precisava ser convincente.

- Eu só preciso dizer o que sinto.

E aí ele começou assim.

Os sentimentos. E toda vez que você se perde e se afasta, eu morro um pouco.

- Chega!

Ele não quis continuar. Disse para si mesmo que as palavras não saíram da superfície. Mas a verdade é que ele não queria demonstrar o que estava sentindo realmente. Preferiu se afogar. Melhor beber.
- Garçom, traz mais uma aí!

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