15 de agosto de 2011

A Conclusão

Não, a conclusão não é a morte –  refletiu por alguns instantes. Mas, certamente – pensou ele –, a vida não é um mar de rosas; mais um ponto para o óbvio! A diferença, entre uns e outros, é a quantidade de dinheiro que cada um tem no caixa porque, no fim, todos vão para o mesmo buraco. É certo que uns preferem virar cinzas; outros a gaveta – que é para conservar o corpo.


A vida estava difícil para ele, naquele momento, e a morte havia se tornado uma constante em seus pensamentos e concluiu que não bastava o dinheiro porque, ao final de tudo, nada havia de ser levado para o outro plano: a casa, os móveis caros, as roupas de linho fino e, até mesmo, aquele prato de lasanha que ele havia deixado em cima da mesa.

Olhou com desdém para tudo à sua volta e disse para si que só a fé, só a fé haveria de salvá-lo de todos os males. Entretanto, a curiosidade falava mais alto em seus pensamentos e ele se questionava, agora, como deveria ser passar para o outro lado e logo veio a explicação – conforme alguém havia lhe dito semana passada: para uns, calmaria; para outros, gritaria. Para uns, claridade; para outros, escuridão.

E o que ele diria para os filhos quando perguntassem sobre o outro mundo? O limbo já não existe! Estava ficando complicado, mas ele não podia ficar preso apenas a profecias sobre o fim do mundo. No seu infindo vagão, ele precisava levantar cedo no dia seguinte e levar as crianças para a escola e ir ao trabalho logo em seguida. No mais, ele tinha que conviver com as infinitas indagações que fogem ao ponto de limitação crônico do ser comum: a origem de tudo, o sentido da vida, como será o amanhã e para onde vamos. E seguir adiante com os porquês que o atormentavam toda vez que a vida lhe parecia bruta. Acontece que, ele sabia bem disso, algumas coisas estavam além da sua capacidade de compreensão e ele precisava viver.

E viver porque não existe ele e só ele, havia aqueles que estavam ao seu redor e necessitavam de descomplicação para crescer e multiplicar.

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