17 de outubro de 2011

Céus Frígidos

Estava se revirando de tanto desespero, é que hoje, ao acordar, ela foi até a janela que dá para o jardim e descobriu que, como todas as outras coisas, as flores haviam secado e o tempo, contrariando a previsão, estava frio e seco. 

E lhe ocorreu um pensamento sólido que fez todo o seu corpo tremer, tamanha intensidade: “não importa o quanto alguém manipule seus sentimentos, a verdade permanecerá intacta”.


Voltou para a cama, deitou a revirar sua memória à procura de respostas e deduziu que assim como as interrogações, as frases dotadas de sentido haviam sumido e concluiu que talvez ela fosse o próprio sentido, talvez ela mesma fosse a representação concreta de todas as metáforas. E admitiu, então: “sou uma das muitas que mistura experiência e frustração da realidade e as retêm como se o tempo não admitisse mudanças”. 

E considerou todas as possibilidades; afinal, estava sob céus frígidos. Levantou, foi novamente ao jardim e decidiu que o reconstruiria: adubaria as flores e as regaria todos os dias. E quanto ao tempo, decidiu não permanecer parada.

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